29 de fev. de 2012

Cyberbullying: Pais condenados por ação de filhas na web

Na Zero Hora do dia 29/03, na página 28, foi publicado uma notícia que fala sobre o cyberbullying. Abaixo, segue:
"A Justiça condenou os pais de duas adolescentes de Ponta Grossa (PR) ao pagamento de R$ 15 mil como indenização por danos morais, em razão de as meninas terem se apossado da senha do Orkut de uma colega e colocarem fotos e mensagens depreciativas. O fato aconteceu em 2010 em um colégio particular. As partes derrotadas podem recorrer.


De acordo com o advogado Carlos Eduardo Martins Biazetto, que defende a família da menina ofendida, na época elas tinham de 12 para 13 anos. Além da própria menina, seu irmão, na época com oito anos, também foi incluído na ação, por igualmente ter sido alvo de chacotas na escola.


– Elas dominaram a página e escreveram palavras de baixíssimo calão, pornografia pura – afirmou."

Clique aqui para ler a matéria na íntegra.



O que é Cyberbullying?


O cyberbullying é um tipo de bullying melhorado. É a prática realizada através da internet que busca humilhar e ridicularizar os alunos, pessoas desconhecidas e também professores perante a sociedade virtual. Apesar de ser praticado de forma virtual, o cyberbullying tem preocupado pais e professores, pois através da internet os insultos se multiplicam rapidamente e ainda contribuem para contaminar outras pessoas que conhecem a vítima.

Os meios virtuais utilizados para disseminar difamações e calúnias são as comunidades, e-mails, torpedos, blogs e fotologs. Além de discriminar as pessoas, os autores são incapazes de se identificar, pois não são responsáveis o bastante para assumirem aquilo que fazem. É importante dizer que mesmo anônimos, os responsáveis pela calúnia sempre são descobertos.

Infelizmente os meios tecnológicos que, a priori, seriam para melhorar e facilitar a vida das pessoas em todas as áreas estão sendo utilizados para menosprezar e insultar outras pessoas. Não existe um tipo de pessoa específica para ser motivo de insultos, sendo que a invasão do e-mail ou a exposição de uma foto já é o bastante. Em relação a colegas de escola e professores, as difamações são intencionadas e visam mexer com o psicológico da pessoa, deixando-a abatida e desmoralizada perante os demais.

As pessoas que praticam o cyberbullying são normalmente adolescentes sem limites, insensíveis, insensatos, inconsequentes e empáticos. Apesar de gostarem da sensação que é causada ao destruir outra pessoa, os praticantes podem ser processados por calúnia e difamação, sendo obrigados a disponibilizar uma considerável indenização.

Clique aqui para ler a matéria no site.

Fontes: Edição impressa da Zero Hora - 29/02 e Portal Online Brasil Escola (www.brasilescola.com)

22 de fev. de 2012

Um quarto de posts no Facebook e Twitter são de usuários arrependidos


De acordo com uma pesquisa realizada por professores da universidade de Oxford, um em cada quatro usuários se arrepende de algo que postou em uma de suas redes sociais. Na maioria das vezes porque o usuário considera o que falou inadequado ou algo que possa chatear alguém.
Outro dado interessante é que mais de um quarto dos dois mil entrevistados admitiram que postariam coisas no Twitter ou no Facebook, por exemplo, que não diriam pessoalmente.
O professor de Antropologia Evolucionária, Robin Dunbar, que analisou os resultados da pesquisa, acredita que a razão disso seria porque no ambiente digital nós não recebemos as reações imediatas que teríamos se estivéssemos numa conversa cara a cara.

Na mesma pesquisa, 40% dos entrevistados disseram que usam o Twitter e Facebook pra falar de um assunto fervoroso. E quase metade deles acreditam que a sua opinião fez a diferença. Sobre casos de bullying, um terço já havia presenciado ou sido vítima de alguma forma de bullying online. Pela análise dos dados, Robin Dubar acredita que para a adaptação ao nosso complexo mundo social, precisamos aprender algumas habilidades que somente as experiências cara a cara proporcionam.

Fonte: Portal Techtudo


15 de fev. de 2012

As marcas indeléveis do bullying

Bullying é o gerúndio do verbo to bully, que literalmente tem acepção de intimidar, ameaçar. São atos de violência física ou psicológica, repetitivos e intencionais, entre pares, praticados por um ou vários indivíduos, contra outro, em uma relação de desequilíbrio de poder.
A vítima sofre pela rejeição, pelo não pertencimento ao grupo. É um sentimento que dói intensamente, mais do que se infere das palavras do filósofo norte-americano William James (1842-1910): “O princípio mais profundamente enraizado na natureza humana é a ânsia de ser apreciado.”
Onde mais se pratica o bullying é na escola e esta é um laboratório para a vida adulta. Evidentemente o mundo do trabalho é competitivo e em determinados momentos a tolerância às hostilidades é necessária. Esse aprendizado deve ser gradual – não pontualmente intenso, uma característica do bullying – para que a consciência e a razão introjetem os ensinamentos de que o caminho a ser percorrido na vida não é plano, florido e pavimentado.
Quem não foi alvo de apelidos, gozações, ofensas em sua trajetória escolar? Em boa medida, a escola deve punir. No entanto, a palavra bullying está sendo empregada indiscriminadamente. O ambiente escolar é um cadinho dos humanos e é ilusão aspirar a que estudantes se comportem como noviças numa clausura.
Num crescendo, o educando vai assimilando as oportunas lições das alegrias e agruras na convivência com outras crianças e adolescentes e destarte torna-se mais robusto para o enfrentamento dos desafios e frustrações. As raízes de um carvalho só se fortalecem pala ação das inclementes rajadas de vento. E cada vitória tem o sabor de uma perdoável vingança, como as palavras de Kate Winslet – vítima de bullying por ser uma adolescente rechonchudinha – ao receber o Oscar de melhor atriz, por sua atuação em Titanic: “Lá do palco, quando olhei a plateia, não vi nenhum dos meus agressores.”
É um exemplo de superação, embora as ofensas que tenha sofrido certamente não representem um ponto fora da curva. Neste espectro, há um outro extremo, fruto de bullies (agressores) sistemáticos e que agem sadicamente sobre vítimas portadoras de desequilíbrios ou com elevada sensibilidade. É um solo minado, com consequências nefastas, como a tragédia numa escola de Realengo (RJ), em 7/4/11, quando 12 alunos foram assassinados por um esquizofrênico e sociopata. Wellington de Oliveira, franzino e introspectivo, foi alvo constante na escola de seus colegas algozes: piadas e apelidos depreciativos; sua cabeça foi enfiada num vaso sanitário; jogaram-no de cabeça para baixo dentro de uma lata de lixo e tamparam.
Um legado trágico sucede suas palavras escritas na véspera: “Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido por um grupo e todos os que estavam por perto se divertiam com as humilhações que eu sofria, sem se importar com os meus sentimentos. Embora meus dedos sejam responsáveis por puxar o gatilho, essas pessoas são responsáveis por todas estas mortes, inclusive a minha.”
Essa violência repetida e praticada entre iguais deixaram marcas leves em Kate e profundas em Wellington. São marcas que geraram sofrimento, provocadas pela insensibilidade moral do bully (agressor). Nós, educadores, devemos atacar as causas para que a consciência não nos acuse quando vierem as consequências. A intensidade do bullying indica o quanto moralmente a escola está comprometida. É responsabilidade dos gestores e professores duas frentes de combate: prevenção e ação. É preventiva a implementação de uma cultura de respeito, tolerância e aceitação de que somos diversos, mas não adversos. Ação vigilante, pró-ativa e punitiva sobre os agressores. Em resumo: ação como remédio e prevenção pelo comportamento ético.


Jacir José Venturi

Foi professor da UFPR e da PUCPR. Autor dos livros: Álgebra Vetorial e Geometria Analítica (9.ª ed.); Cônicas e Quádricas (5.ª ed.) e Da Sabedoria Clássica à Popular. 

9 de fev. de 2012

Bullying: e eu com isso?


Podemos dizer que o fenômeno bullying nasce com a criação da própria escola. Quem nunca chateou um colega do colégio muito estudioso (NERD)? É assim que os chamam. Ou uma garota muito magra? Ou um menino fora dos padrões de beleza estabelecido em nossa sociedade? Um começa as brincadeiras aparentemente inocentes e os outros da sala repetem o mesmo comportamento doentio.

O problema maior é quando nessas brincadeiras apenas um lado (aluno(a) ou grupo) mais forte  se diverte, e outro lado se sente humilhado, amedrontado, hostilizado... O fenômeno bullying atinge a alma do ser humano. A diferença entre brincadeiras e o bullying é que nas brincadeiras todos se divertem; já no bullying só uma pessoa ou um grupo de pessoas acham divertido. Essa hostilização disfarçada ocorre de forma intencional e repetitiva. A vítima é a que sofre e o seu agressor cada vez mais se fortalece!

Geralmente esses jovens que praticam essa barbárie vêm de famílias desestruturadas, sem respeito ao próximo, sofrem violência doméstica ou presenciam agressões de toda natureza em seus lares. A prática do bullying acontece com maior frequência nos momentos de ausência de autoridade, como no recreio ou no horário da saída escolar.  Agressões físicas, ameaças verbais ou psicológicas, insultos, criação de apelidos jocosos, comentários racistas, homofóbicos, intolerância quanto às diferenças, exclusão por causa de fofocas, boatos ou de informações que maculem a imagem das pessoas são as formas mais frequentes dessa prática nas escolas sejam públicas ou privadas.

Nós docentes temos a responsabilidade junto com a equipe escolar: funcionários, gestores, professores, setor psicológico, enfim, todos precisam identificar, prevenir e combater esse fenômeno. Só assim, poderemos erradicar esse mal que a cada dia assola o âmbito escolar.

Bullying não é uma moda! Precisamos ficar atentos a essa praga. Nós brasileiros estamos atrasados em relação ao estudo sobre essa temática há pelo menos 30 anos em relação aos países europeus. Estudar e apontar saídas para essa brutalidade cometida em nossas escolas é uma questão de saúde pública. Esses abusos físicos, verbais ou psicológicos deixam sequelas difíceis de serem apagadas na vida de qualquer pessoa. Prevenir seria o melhor caminho para evitarmos uma sociedade doente e beligerante.
 

A escola não pode usar o termo “Combatemos o Bullying” como instrumento de marketing. Dizer que abraça a causa contra esse fenômeno sem estabelecer mecanismos, através de projetos pedagógicos, acompanhamentos e encontros com pais e alunos são fundamentais para criarmos uma cultura de paz em um local onde as crianças sintam-se felizes.


Ana Luiza Iglesias

Professora, graduada em Pedagogia, especialista em Literatura Infanto Juvenil


Fonte: http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaoimpressa/arquivos/2012/janeiro/01_02_2012/0032.html

1 de fev. de 2012

Eric Debarbieux fala sobre o combate ao bullying


Especialista francês defende que duas condições são essenciais para que as escolas lidem com problemas como o bullying: a estabilidade do corpo docente e a construção de um bom clima
A violência nas escolas só pode ser enfrentada se tratada em profundidade, com formação docente específica, incentivo à solidariedade e aumento da proximidade entre professores e alunos. Essa é a avaliação do especialista francês Eric Debarbieux, autor do primeiro plano nacional de combate ao bullying nas escolas da França. Câmeras de vídeo? Detectores de metais? "São inúteis", de acordo com o autor de obras como Violência na Escola: Um Desafio Mundial e Os Dez Mandamentos Contra a Violência na Escola. Há sete anos Debarbieux dirige o Observatório Internacional da Violência nas Escolas, em Bordeaux, cargo que ocupou após realizar uma ampla pesquisa no Brasil, onde foi diretor de Pesquisa e Avaliação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A experiência, realizada com 11,5 mil estudantes, lhe permitiu traçar um perfil do problema nas escolas brasileiras. 
Eric Debarbieux
Que tipo de atos se enquadram no termo violência escolar?
Eric Debarbieux Fatos mais marcantes, como o massacre do Realengo (episódio em que um ex-aluno entrou armado em uma escola municipal do Rio de Janeiro em abril de 2011 e matou a tiros 12 estudantes), mas principalmente as violências cotidianas que têm como característica a repetição. No mundo inteiro, um grande número de alunos sofre com ações desse tipo diariamente. E elas podem ser banais, como receber um apelido maldoso ou sofrer pequenos empurrões. As pesquisas apontam que, embora sejam atos relativamente simples, envolvendo alunos ou professores, o fato de eles se repetirem à exaustão é grave.
 A violência explícita, com agressões físicas ou mortes, é muito excepcional e infelizmente difícil de neutralizar porque constitui crimes como outros quaisquer. 

É possível determinar as causas desse problema?
Debarbieux Elas são múltiplas e determinadas pela soma de certo número de fatores de risco presentes no cotidiano dos envolvidos. Um deles é o pessoal, ligado ao temperamento de cada um, mas também influenciado pelas relações familiares e pelo meio social. Outro elemento importante é o ambiente da escola. Por exemplo, a estabilidade da equipe docente e a clareza das regras escolares são aspectos determinantes para que se alcance a proteção almejada. Na França, identificamos que as escolas mais problemáticas são aquelas que têm o corpo docente mais instável. Sem um grupo perene e que conviva de forma sadia, é difícil fazer algo contra a violência escolar. É uma questão de solidariedade e de exposição ao risco: você fica menos exposto quando integra um grupo que seja solidário. 

O professor, de modo geral, é um profissional preparado para lidar com a violência na escola? 
Debarbieux Debarbieux Esse é um dos pontos essenciais a debater. Na maioria dos países, faltam docentes capacitados para enfrentar essa situação difícil. Fico impressionado com o fato de que os professores passem a vida trabalhando como líderes, tendo que manter o controle da classe, sem receber nenhuma formação específica para isso. É inacreditável, inclusive, porque as violências escolares surgem quase sempre dentro dos grupos de estudantes. 

O tipo de violência escolar mais popular no mundo hoje é o bullying?
Debarbieux Certamente. De acordo com nossas estimativas, a média mundial de alunos atingidos pelo problema fica entre 7 e 15%. Os graus de violência são diferentes. Segundo um grande estudo que fiz no Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), na França, cerca de 11% dos estudantes sofrem bullying, e 5% deles de uma forma severa. 

A solução está na gestão da escola?
Debarbieux Sim. O modo como uma escola é gerenciada e a atenção que os adultos dão ao bullyingtêm um grande impacto sobre os efeitos dessa violência. Sabe-se que há uma ligação muito forte entre a qualidade do clima e das relações pessoais na escola e a ocorrência de casos desse tipo. 

Existem países em que o bullying não se manifesta na escola?
Debarbieux Não. Entretanto os casos nos países do norte da Europa diminuíram em mais da metade em relação à média europeia desde que os governos assumiram um papel-chave para lutar contra isso, há mais de 20 anos. O Reino Unido também seguiu a mesma linha de adoção de políticas de prevenção. Mesmo assim, não podemos nos dar o direito de parar de evoluir. O fato de tratarmos violências menores não significa que estejamos lidando com uma coisa pequena e sem importância. As pesquisas mostram que, em termos de atos mais graves, como os que envolvem matanças nos Estados Unidos, 75% dos alunos que foram à escola armados e mataram colegas eram vítimas debullying.

Fonte: Revista Escola