Autora do livro Bullying – Mentes Perigosas nas Escolas, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva foi a convidada de terça-feira do Conversa no Praia, programa cultural no formato talk-show promovido pelo Praia de Belas Shopping e pela Saraiva MegaStore.
Ana Beatriz tornou-se best-seller com o livro Mentes Perigosas – O Psicopata Mora ao Lado, obra que vendeu mais de 400 mil exemplares. No seu mais recente livro, a autora se dedica a vítimas de bullying, buscando alertar para o problema e ajudar pais, educadores, crianças e adolescentes.
Ana Beatriz traz em Bullying – Mentes Perigosas nas Escolas informações para a identificação do problema e seus efeitos, e também o que se pode fazer para combatê-lo.
A seguir, perguntas feitas por leitores do Kzuka e enviadas à especialista por e-mail:
Palestras antibullying para os alunos têm resultados concretos?
Julia Roberta Garcia, 15 anos
Ana Beatriz – Com certeza. Não somente palestras para os alunos como também para professores, a todos os funcionários da escola e aos pais. Ainda existe muita desinformação sobre o problema e muitos acham que são brincadeiras típicas da idade. Bullying não é brincadeira, e sim um ato de extrema covardia. As consequências para as vítimas podem ser desastrosas, causando sérios prejuízos para a vida adulta.
Admitir para os pais e amigos que se sofre de bullying é sempre um desafio. Como deve ser essa conversa, a fim de evitar preconceitos maiores? Paula Nichterwitz Scherer, 15 anos
Ana Beatriz – Muitos pais são compreensivos e se predispõem a ajudar seus filhos quando os diálogos são francos dentro de casa. A vítima de bullying precisa romper a lei do silêncio, expondo-se de forma transparente aos pais e mostrando que seu sofrimento é real e por uma causa que envolve consequências dramáticas. Contar com amigos, irmãos ou pessoas mais íntimas nessas horas é imprescindível para que os pais pouco atentos comecem a tomar pé da situação. Pedir auxílio aos pais de outros alunos amigos da vítima também é uma boa estratégia. Ter medo ou vergonha de contar só reforça a violência escolar.
O que a senhora acha das medidas tomadas pelos governos, como as leis antibullying? Há outras medidas que poderiam ser adotadas?André Tonon, 18 anos
Ana Beatriz – Felizmente, as autoridades estão se mobilizando em questões de legislações contra o bullying e até mesmo penalizando os pais de agressores que são adolescentes. Os Estados, em separado, já estão elaborando suas próprias leis e juízes dando ganho de causa às vítimas. São passos importantíssimos para que brevemente tenhamos uma legislação de âmbito nacional, o que seria ideal. Outras medidas para melhorar esse panorama sombrio vêm da própria escola, juntamente com a ajuda dos professores, pais e alunos para promover campanhas dentro da própria instituição. Quando o bullying é detectado, a vítima e o agressor devem ser ouvidos pela direção da escola separadamente. Colocar um aluno frente ao outro não resolve o problema, já que intimida a vítima e o agressor costuma mentir de forma convincente. Identificar quem é o “cabeça” dessa história (geralmente é o mais perigoso) é fundamental, pois evita que ele recrute um exército de seguidores.
Qual o tipo de bullying mais cometido? Vitória Burin, 16 anos
Ana Beatriz – Em linhas gerais, se observa a violência física entre meninos, mas isso não significa que seja o mais praticado. É apenas mais visível. Mas todas as formas de violência são executadas: brigas, empurrões, beliscões, roubo de pertences da vítima, xingamentos e apelidos pejorativos, isolamento e exclusão, assédio sexual e as difamações pela internet. O bullying entre meninas também é bastante praticado, embora pouco notado, já que as meninas normalmente cometem o bullying na base da fofoca, intrigas e isolamento das colegas. No entanto, não deixa de trazer consequências muito sérias para quem sofre. Uma das formas mais agressivas de bullying é o ciberbullying, ou o virtual, que em segundos ganha proporções gigantescas por meio da internet ou de celulares, e expõe o aluno-alvo ao escárnio público. Todas as vítimas sofrem, em menor ou em maior grau, e as consequências podem destruir suas vidas futuras ou até mesmo serem irreversíveis.
Quando se pode considerar que um professor cometeu bullying e o que acontece com ele depois?Ana Julia Dias Oliveira, 14 anos
Ana Beatriz – Infelizmente, muitos alunos são intimidados, coagidos, humilhados e até perseguidos por professores, que se valem do poder de hierarquia. No entanto, para que tais atitudes sejam consideradas bullying, as perseguições devem ser repetitivas, intencionais, contra um ou um grupo de estudantes. Os alunos vitimados por quem deveria educá-los apresentam quadros depressivos caracterizados por sentimentos negativos, autoestima rebaixada, sensação de impotência, desmotivação para os estudos e queda no rendimento escolar.
(Fonte: Jornal Zero Hora - 25/08/2010)
Vamos por parte, pois o assunto Bullying exige cuidados extremos, certo?
ResponderExcluirComeçando pela última pergunta:
Quando se pode considerar que um professor cometeu bullying e o que acontece com ele depois?Ana Julia Dias Oliveira, 14 anos
Lamentavelmente sabemos que isso acontece não apenas nas Escolas, mas até mesmo nas Faculdades. Há professores que esquecem que deveriam ser Educadores, Formadores de Cidadãos, que se tornam Carrascos de certos alunos. Normalmente dos alunos ditos "levados". A Educação deveria passar por uma reformulação em todos os sentidos. E aqui não vai crítica específica aos Professores, mas a todo Sistema Educacional. Enfrentar possíveis mudanças parece ser impossível devido a uma tradição pedagógica, e aí o Bullying encontrou um espaço para chegar e ficar. E a tendência é que piore as formas do Bullying de se mostrar no dia-a-dia.
Portanto, o Bullying vindo de professores chega a ser vergonhoso para a minha Classe Profissional.
Em relação as outras perguntas é pura verdade dos fatos.
O que me preocupa mais é que estamos formando seres humanos com vários problemas psicológicos, pois qualquer pressão psicológica ou física gerada pelo Bullying certamente continuará pela Vida inteira.
O medo, as inseguranças internas são vírus a detruir as nossas Esperanças, Sonhos...
Fim ao Bullying o mais rápido possível.
Ou estaremos apenas formando seres humanos doentes.
Prof. Paulo Alexandre