O massacre na Escola Tasso de Oliveira, no Rio, provocou consternação em todo o país, mas é preciso reagir à tragédia não só com reflexões que se esgotem no próprio debate. Ações concretas, a partir da análise do episódio, devem ser acionadas pelo setor público, pelas escolas, por especialistas e pelos pais. Nesse sentido, é positiva a decisão da Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul de estimular a criação de comissões antiviolência nas mais de 2,5 mil escolas estaduais. A iniciativa é particularmente elogiável pelo fato de prever prioridade ao combate ao bullying – a agressão física ou psicológica que humilha pessoas de forma sistemática e que se dissemina de forma alarmante no meio escolar.
Nenhuma motivação justifica a chacina do Realengo. Mesmo que o autor dos assassinatos tenha sido alguém com graves problemas mentais, não há como anistiar seu ato. Wellington Menezes de Oliveira cometeu uma barbárie. Não há, no entanto, como ignorar o conjunto de fatores, já relacionados exaustivamente por especialistas, que se somaram para determinar o que ocorreu. O bullying é um desses componentes. Ex-colegas do homicida relataram, em detalhes, as crueldades sistemáticas às quais Wellington se submetia. São práticas que se repetem nas escolas brasileiras e revelam distúrbios também de seus autores, muitas vezes tratados com negligência pelo ambiente escolar.
As comissões antiviolência a serem criadas nos colégios estaduais reforçam outras iniciativas já adotadas, com o mesmo objetivo, por educandários gaúchos. Escolas são o lugar do aprendizado e da convivência. São também, no sentido mais amplo, o espaço civilizatório, do respeito mútuo e da aceitação das diferenças. O bullying é a subversão desse ambiente. Deve ser combatido, não só porque pais e alunos possam temer a repetição do que ocorreu no Rio. Deve ser banido das escolas em nome de regras elementares da vida em sociedade. Respeitar o outro e suas peculiaridades é uma conduta básica, ética e moralmente inegociável em qualquer circunstância, dentro e fora das escolas.
Fonte: Zero Hora Online - 12/04/2011
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