9 de fev. de 2012

Bullying: e eu com isso?


Podemos dizer que o fenômeno bullying nasce com a criação da própria escola. Quem nunca chateou um colega do colégio muito estudioso (NERD)? É assim que os chamam. Ou uma garota muito magra? Ou um menino fora dos padrões de beleza estabelecido em nossa sociedade? Um começa as brincadeiras aparentemente inocentes e os outros da sala repetem o mesmo comportamento doentio.

O problema maior é quando nessas brincadeiras apenas um lado (aluno(a) ou grupo) mais forte  se diverte, e outro lado se sente humilhado, amedrontado, hostilizado... O fenômeno bullying atinge a alma do ser humano. A diferença entre brincadeiras e o bullying é que nas brincadeiras todos se divertem; já no bullying só uma pessoa ou um grupo de pessoas acham divertido. Essa hostilização disfarçada ocorre de forma intencional e repetitiva. A vítima é a que sofre e o seu agressor cada vez mais se fortalece!

Geralmente esses jovens que praticam essa barbárie vêm de famílias desestruturadas, sem respeito ao próximo, sofrem violência doméstica ou presenciam agressões de toda natureza em seus lares. A prática do bullying acontece com maior frequência nos momentos de ausência de autoridade, como no recreio ou no horário da saída escolar.  Agressões físicas, ameaças verbais ou psicológicas, insultos, criação de apelidos jocosos, comentários racistas, homofóbicos, intolerância quanto às diferenças, exclusão por causa de fofocas, boatos ou de informações que maculem a imagem das pessoas são as formas mais frequentes dessa prática nas escolas sejam públicas ou privadas.

Nós docentes temos a responsabilidade junto com a equipe escolar: funcionários, gestores, professores, setor psicológico, enfim, todos precisam identificar, prevenir e combater esse fenômeno. Só assim, poderemos erradicar esse mal que a cada dia assola o âmbito escolar.

Bullying não é uma moda! Precisamos ficar atentos a essa praga. Nós brasileiros estamos atrasados em relação ao estudo sobre essa temática há pelo menos 30 anos em relação aos países europeus. Estudar e apontar saídas para essa brutalidade cometida em nossas escolas é uma questão de saúde pública. Esses abusos físicos, verbais ou psicológicos deixam sequelas difíceis de serem apagadas na vida de qualquer pessoa. Prevenir seria o melhor caminho para evitarmos uma sociedade doente e beligerante.
 

A escola não pode usar o termo “Combatemos o Bullying” como instrumento de marketing. Dizer que abraça a causa contra esse fenômeno sem estabelecer mecanismos, através de projetos pedagógicos, acompanhamentos e encontros com pais e alunos são fundamentais para criarmos uma cultura de paz em um local onde as crianças sintam-se felizes.


Ana Luiza Iglesias

Professora, graduada em Pedagogia, especialista em Literatura Infanto Juvenil


Fonte: http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaoimpressa/arquivos/2012/janeiro/01_02_2012/0032.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário